Quis amar mas não me deixaram, cortaram-me a frase a meio.
Tentei, mas não consegui que a minha vontade fosse mais livre que a ditadura do meu medo.
Queria cantar alto, mas calei-me, sabia que alguém cantaria melhor.
Tentei acompanhar o ritmo dos teus passos, mas eras mais rápido que eu, o caminho que me deixaras era traiçoeiro...tropecei.
O pedaço de papel, com uma nota rabiscada que te deixei...eu, concerteza, teria guardado para ler e reler... encontrei-o no lixo. Com um simples gesto deitaste-o fora, mas não sem o rasgar primeiro. Quando o vi, descartado junto do resto da varredura, neguei aos meus olhos alertarem-me à verdade. Desculpei o teu desprezo, convencendo-me que estava a ser mesquinha.
Hoje que estou feliz; Depois de meses de silêncio, falas-me, como se tivesses sentido saudade da minha dor.
...Corto-te a frase a meio.
Thursday, 26 March 2009
Tuesday, 24 March 2009
Just like my coffee...No sugar, no milk, no bullshit.
Toma-me como eu sou, não me adiciones açúcar pois ao segundo ou terceiro provar sou doce. A amargura não faz parte da minha composição.
Não me adiciones leite pois não preciso de engordar, o meu corpo é enriquecido pela minha alma.
Não me investigues à procura de encontrar outra cor disfarçada no preto, pois sou pura.
Não me disfarces e não me acrescentes, toma-me com eu sou.
Não me adiciones leite pois não preciso de engordar, o meu corpo é enriquecido pela minha alma.
Não me investigues à procura de encontrar outra cor disfarçada no preto, pois sou pura.
Não me disfarces e não me acrescentes, toma-me com eu sou.
Friday, 20 March 2009
A minha Amiga.. que perdeu o coração
Tenho uma amiga que perdeu o coração no fundo do mar.
Perdeu o seu Pai para o mar e assim, naquele momento, ficou sem coração. A força fulcral pela qual se regia, aquela tão pujante que fazia com que o seu sangue lhe corresse pelas veias e lhe desse a raça que a torna tão particular. Se todos nos regemos pelas bases que nos deram, a Teresa é o epítome disso.
Ontem foi dia do Pai, o primeiro que a Teresa passou sem. Convidou-me para jantar. Senti-me privilegiada, por ter sido a mim quem escolheu para partilhar esta primeira vez; Perguntei-lhe porque me tinha escolhido, não podia sentir empatia..nunca perdi um pai, nunca tive um para perder. Ela responde que era precisamente essa a sua razão. Esta nobreza e falta de necessidade de reviver a dor de outra ter-me-ia surpreendido, mas dela não.
Na sala, a fotografia deste grande senhor está pendurada na parede, alta, bem mais alta que nós, o seu poder ainda se sente. À mesa, enquanto conversamos, sinto os olhos dela a irem ao seu encontro, como se ainda procurasse a sua aprovação ao fechar de cada frase. Quero que ela veja aquilo que eu vejo, quero-lhe descrever, mas não encontro as palavras. Quero-lhe dizer que na sua enorme perda, encontro uma vitória, a menina errática e bruta que se achou incompleta, tornou-se numa mulher inteira, ainda mais humilde e ainda mais bonita.
A minha amiga perdeu o coração no fundo do mar, encontrou-o no lodo do rio. O seu coração voltou ao lugar onde pertence e onde encaixa tão bem, maior e mais forte.
Perdeu o seu Pai para o mar e assim, naquele momento, ficou sem coração. A força fulcral pela qual se regia, aquela tão pujante que fazia com que o seu sangue lhe corresse pelas veias e lhe desse a raça que a torna tão particular. Se todos nos regemos pelas bases que nos deram, a Teresa é o epítome disso.
Ontem foi dia do Pai, o primeiro que a Teresa passou sem. Convidou-me para jantar. Senti-me privilegiada, por ter sido a mim quem escolheu para partilhar esta primeira vez; Perguntei-lhe porque me tinha escolhido, não podia sentir empatia..nunca perdi um pai, nunca tive um para perder. Ela responde que era precisamente essa a sua razão. Esta nobreza e falta de necessidade de reviver a dor de outra ter-me-ia surpreendido, mas dela não.
Na sala, a fotografia deste grande senhor está pendurada na parede, alta, bem mais alta que nós, o seu poder ainda se sente. À mesa, enquanto conversamos, sinto os olhos dela a irem ao seu encontro, como se ainda procurasse a sua aprovação ao fechar de cada frase. Quero que ela veja aquilo que eu vejo, quero-lhe descrever, mas não encontro as palavras. Quero-lhe dizer que na sua enorme perda, encontro uma vitória, a menina errática e bruta que se achou incompleta, tornou-se numa mulher inteira, ainda mais humilde e ainda mais bonita.
A minha amiga perdeu o coração no fundo do mar, encontrou-o no lodo do rio. O seu coração voltou ao lugar onde pertence e onde encaixa tão bem, maior e mais forte.
Thursday, 19 March 2009
Coisas Que Prefiro Não Saber
Tenho uma fascinação pelo amolador. Aquele senhor que vai de porta em porta e afia facas e afins. A esta fascinação acresce fantasia, provavelmente completamente irreal e infantil, pois desde muito pequena que me lembro da sensação que me transmitia o sabido assobio desta personagem. Na minha fantasia, acreditava-o portador do arco-íris.
Enquanto brincava no jardim, ouvia este maravilhoso som, cada vez mais audível com a aproximação; mas por mais longe que ele estivesse, talvez 3 ou 4 ruas abaixo, esta melodia tão própria e mística era, e continua a ser, inconfundível.
Nunca o vi, o que agradeço, pois não tenho duvida que a minha fantasia é bem mais romântica e colorida do que a realidade... espero nunca o ver. Tenho medo, que com o passar do tempo, deixe de o ouvir. Tenho medo que este assobio, tão bonito, venha juntar-se às memórias daqueles que já não me batem à porta, como o leiteiro, o padeiro ou a robusta peixeira que nos vinha feirar os seus tesouros a todas as quartas-feiras. Isto causa-me transtorno.
Há coisas que nunca quero conhecer. Há coisas que prefiro manter à distância de um sonho, de uma amada fantasia. Não quero perder o deslumbramento, o encanto que me move aquele assobio melodioso.
Enquanto brincava no jardim, ouvia este maravilhoso som, cada vez mais audível com a aproximação; mas por mais longe que ele estivesse, talvez 3 ou 4 ruas abaixo, esta melodia tão própria e mística era, e continua a ser, inconfundível.
Nunca o vi, o que agradeço, pois não tenho duvida que a minha fantasia é bem mais romântica e colorida do que a realidade... espero nunca o ver. Tenho medo, que com o passar do tempo, deixe de o ouvir. Tenho medo que este assobio, tão bonito, venha juntar-se às memórias daqueles que já não me batem à porta, como o leiteiro, o padeiro ou a robusta peixeira que nos vinha feirar os seus tesouros a todas as quartas-feiras. Isto causa-me transtorno.
Há coisas que nunca quero conhecer. Há coisas que prefiro manter à distância de um sonho, de uma amada fantasia. Não quero perder o deslumbramento, o encanto que me move aquele assobio melodioso.
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